Conhecida por ser a maior tempestade de todo o Sistema Solar, a Grande Mancha Vermelha na superfície de Júpiter é também uma imensa fonte de energia. A temperatura na atmosfera acima dela é centenas de graus mais alta que em qualquer outro lugar do planeta, segundo um novo estudo publicado na revista Nature.
Utilizando telescópios localizados na Terra, os cientistas observaram emissões infravermelhas de Júpiter e descobriram que a temperatura na parte superior da atmosfera, acima da Grande Mancha Vermelha, é de aproximadamente de 1300°C - centenas de graus mais quente que em qualquer outro lugar do planeta.
Os cientistas, liderados por James O'Donoghue, da Universidade de Boston, afirmam que a tempestade gigante na Grande Mancha Vermelha pode ser a fonte de energia dessa parte excepcionalmente quente da atmosfera joviana.
No artigo, os autores concluíram que a Grande Mancha Vermelha produz dois tipos de ondas turbulentas de energia - ondas gravitacionais e ondas acústicas -, que colidem e aquecem a parte superior da atmosfera.
Segundo os autores do estudo, a descoberta é a última peça de um quebra-cabeças que tem deixado os cientistas perplexos desde 1973, quando a nave Pioneer 10, da Nasa, sobrevoou Júpiter e fez as primeiras medições de temperatura de sua superfície. Na época, eles concluíram que sua atmosfera é muito mais quente do que o esperado caso o Sol fosse sua única fonte de calor.
Como Júpiter está cinco vezes mais longe do Sol que a Terra, de acordo com os cálculos dos cientistas, esperava-se que a energia solar que chega ao planeta deixasse a temperatura da parte superior de sua atmosfera em torno de 73°C negativos. Mas a temperatura medida, na época, foi de cerca de 570°C.
James O'Donoghue.
Os astrônomos mediram a temperatura do planeta observando suas emissões invisíveis de radiação infravermelha. O topo das nuvens que podem ser observadas sobre Júpiter estão a cerca de 50 quilômetros de sua superfície. As emissões infravermelhas medidas vinham de uma região 800 quilômetros acima.
"Vimos quase imediatamente que as temperaturas máximas em grandes altitudes estavam justamente sobre a Grande Mancha Vermelha, que gira lá embaixo. Seria uma coincidência, ou uma pista importante?", disse O'Donoghue.
Crise
Resolver o mistério da "crise de energia" em Júpiter tem implicações para todo o Sistema Solar e também para planetas de outros sistemas, segundo os cientistas. Eles afirmam que as temperaturas mais altas do que as esperadas apenas com a radiação solar não ocorrem apenas em Júpiter, mas também em Saturno, Urano, Netuno e provavelmente em todos os planetas gigantes da galáxia.
"A transferência de energia de baixo para o alto da atmosfera já foi simulada em modelos planetários, mas não havia sido sustentada por observações. As temperaturas extremamente altas observadas sobre a tempestade parecem ser a evidência concreta dessa transferência de energia, indicando que o planeta todo pode produzir calor e fornecendo uma explicação plausível para a 'crise de energia'", disse O'Donoghue.
A Grande Mancha Vermelha foi descoberta no século 17, depois que Galileu Galilei introduziu na astronomia o uso do telescópio. Com seu padrão de gases coloridos que giram, ela é frequentemente chamada de "furacão perpétuo".
A tempestade tem variado em tamanho e cores ao longo dos séculos. Com tamanho três vezes maior que o diâmetro da Terra, a Grande Mancha Vermelha tem ventos que levam seis dias para completar uma volta. O próprio planeta Júpiter, com massa 300 vezes maior que a da Terra, também gira incrivelmente rápido, completando uma volta a cada dez horas.
terça-feira, 2 de agosto de 2016
quarta-feira, 11 de maio de 2016
EXOPLANETAS...MILHARES
Cinco curiosidades sobre o telescópio Kepler, que descobriu mais de mil exoplanetas
Nasa/Divulgação
Telescópio espacial Kepler
10/05/2016
A Nasa anunciou na terça-feira a descoberta de 1.284 novos exoplanetas - planetas situados fora do nosso Sistema Solar -, que foram encontrados através do instrumento de observação ideal que constitui o telescópio espacial Kepler.
Lançado no dia 6 de março de 2009 e batizado em homenagem ao matemático alemão Johannes Kepler (1571-1630), este telescópio extremamente potente, que tem 4,7 metros de altura e 2,7 de largura e pesa mais de uma tonelada, procura planetas onde a vida seria possível, como na Terra.
- Como o Kepler funciona?
O Kepler aponta constantemente para um mesmo grupo de 150.000 estrelas, nas constelações de Cygnus e Lyra, na Via Láctea. Detecta os planetas através da observação de uma diminuição temporária do brilho das estrelas que vigia. Quando um planeta passa na frente da sua estrela, como Mercúrio fez diante do Sol na segunda-feira, por exemplo, a luz da estrela parece diminuir levemente. O Kepler pode perceber inclusive variações muito sutis de brilho, que indicam a presença de um planeta. O telescópio é tão poderoso que, se apontasse para a Terra durante a noite, poderia notar a mudança no brilho quando alguém acende uma luz na varanda de uma casa em uma cidade pequena.
- A maior câmera fotográfica no espaço
Para observar as estrelas que vigia, o Kepler dispõe de uma lente frontal de 1,4 metro de diâmetro, colocada diante de sensores digitais, como em uma câmara fotográfica. Estes sensores acoplados entre si fazem com que o Kepler conte com uma superfície sensível de 95 milhões de pixels, o que o converte na maior câmera fotográfica já lançada no espaço. Estes sensores fazem registros de forma contínua, e transmitem suas enormes quantidades de dados aos cientistas da Nasa na Terra, aproximadamente uma vez por mês.
- À beira da catástrofe
Esta maravilha tecnológica já falhou... duas vezes! Na primeira vez, duas das quatro rodas de reação, que mantém o telescópio estável e o permitem apontar para uma determinada direção no espaço, pararam de funcionar, a primeira em julho de 2012, e a segunda no início de 2013. Os pesquisadores da Nasa conseguiram resolver o problema, mas tiveram que mudar a missão original do telescópio, de modo que ele deixou de apontar para o grupo de estrelas que observava desde o início e passou a realizar campanhas de observação no âmbito de uma missão chamada K2.
No mês passado, uma segunda falha fez com que os pesquisadores temessem o pior. Pela primeira vez, o aparelho entrou em modo de emergência, limitando as suas funções às necessárias para sobreviver, e registrou múltiplas falhas simultâneas. Tratava-se, na verdade, de um problema informático que os engenheiros da NASA conseguiram resolver. Embora ainda não se saiba o que causou o problema, o telescópio voltou a funcionar normalmente.
- O que o Kepler descobriu até agora?
Dos quase 5.000 exoplanetas potenciais descobertos até hoje, mais de 3.200 foram confirmados. Entre eles, 2.325 foram descobertos pelo Kepler.
Após a última leva de dados decifrados pela NASA, foi anunciado, na terça-feira, que o Kepler tinha identificado 4.302 possíveis planetas. Há mais de 99% de certeza de que 1.284 deles sejam realmente exoplanetas; os outros 1.327 provavelmente também o são, mas requerem análises adicionais.
As análises do Kepler permitiram também validar outros 984 exoplanetas que foram detectados por outros meios.
- Quanto tempo dura a missão do Kepler?
Lançada em 2009, a missão original do Kepler deveria durar três anos e meio, com uma eventual prorrogação por outros dois anos. Desde a falha em 2013, porém, o telescópio é utilizado como parte da missão K2, prevista para terminar em 2017 ou 2018.
Nasa/Divulgação
Telescópio espacial Kepler
10/05/2016
A Nasa anunciou na terça-feira a descoberta de 1.284 novos exoplanetas - planetas situados fora do nosso Sistema Solar -, que foram encontrados através do instrumento de observação ideal que constitui o telescópio espacial Kepler.
Lançado no dia 6 de março de 2009 e batizado em homenagem ao matemático alemão Johannes Kepler (1571-1630), este telescópio extremamente potente, que tem 4,7 metros de altura e 2,7 de largura e pesa mais de uma tonelada, procura planetas onde a vida seria possível, como na Terra.
- Como o Kepler funciona?
O Kepler aponta constantemente para um mesmo grupo de 150.000 estrelas, nas constelações de Cygnus e Lyra, na Via Láctea. Detecta os planetas através da observação de uma diminuição temporária do brilho das estrelas que vigia. Quando um planeta passa na frente da sua estrela, como Mercúrio fez diante do Sol na segunda-feira, por exemplo, a luz da estrela parece diminuir levemente. O Kepler pode perceber inclusive variações muito sutis de brilho, que indicam a presença de um planeta. O telescópio é tão poderoso que, se apontasse para a Terra durante a noite, poderia notar a mudança no brilho quando alguém acende uma luz na varanda de uma casa em uma cidade pequena.
- A maior câmera fotográfica no espaço
Para observar as estrelas que vigia, o Kepler dispõe de uma lente frontal de 1,4 metro de diâmetro, colocada diante de sensores digitais, como em uma câmara fotográfica. Estes sensores acoplados entre si fazem com que o Kepler conte com uma superfície sensível de 95 milhões de pixels, o que o converte na maior câmera fotográfica já lançada no espaço. Estes sensores fazem registros de forma contínua, e transmitem suas enormes quantidades de dados aos cientistas da Nasa na Terra, aproximadamente uma vez por mês.
- À beira da catástrofe
Esta maravilha tecnológica já falhou... duas vezes! Na primeira vez, duas das quatro rodas de reação, que mantém o telescópio estável e o permitem apontar para uma determinada direção no espaço, pararam de funcionar, a primeira em julho de 2012, e a segunda no início de 2013. Os pesquisadores da Nasa conseguiram resolver o problema, mas tiveram que mudar a missão original do telescópio, de modo que ele deixou de apontar para o grupo de estrelas que observava desde o início e passou a realizar campanhas de observação no âmbito de uma missão chamada K2.
No mês passado, uma segunda falha fez com que os pesquisadores temessem o pior. Pela primeira vez, o aparelho entrou em modo de emergência, limitando as suas funções às necessárias para sobreviver, e registrou múltiplas falhas simultâneas. Tratava-se, na verdade, de um problema informático que os engenheiros da NASA conseguiram resolver. Embora ainda não se saiba o que causou o problema, o telescópio voltou a funcionar normalmente.
- O que o Kepler descobriu até agora?
Dos quase 5.000 exoplanetas potenciais descobertos até hoje, mais de 3.200 foram confirmados. Entre eles, 2.325 foram descobertos pelo Kepler.
Após a última leva de dados decifrados pela NASA, foi anunciado, na terça-feira, que o Kepler tinha identificado 4.302 possíveis planetas. Há mais de 99% de certeza de que 1.284 deles sejam realmente exoplanetas; os outros 1.327 provavelmente também o são, mas requerem análises adicionais.
As análises do Kepler permitiram também validar outros 984 exoplanetas que foram detectados por outros meios.
- Quanto tempo dura a missão do Kepler?
Lançada em 2009, a missão original do Kepler deveria durar três anos e meio, com uma eventual prorrogação por outros dois anos. Desde a falha em 2013, porém, o telescópio é utilizado como parte da missão K2, prevista para terminar em 2017 ou 2018.
segunda-feira, 2 de maio de 2016
VIAGEM INTERESTELAR
O revolucionário projeto de viagem interestelar apoiado por Stephen Hawking para tentar 'salvar a humanidade'
12/04/2016
Para Hawking, 'avanços tecnológicos das últimas duas décadas tornarão (viagem interestelar) possível dentro de uma geração'
O físico Stephen Hawking anunciou apoio a um projeto que pretende enviar uma pequena nave espacial - do tamanho de um chip usado em equipamentos eletrônicos - para uma viagem interestelar daqui a uma geração.
O veículo viajaria trilhões de quilômetros, muito mais distante do que qualquer outra nave.
Um programa de pesquisa de US$ 100 milhões (cerca de R$ 350 milhões) para o desenvolvimento das "naves estelares" do tamanho de pequenos chips eletrônicos foi lançado pelo milionário Yuri Milner e apoiado pelo fundador do Facebook, Mark Zuckerberg.
A viagem interestelar tem sido um sonho para muitos, mas ainda enfrenta barreiras tecnológicas. Entretanto, Hawking disse à BBC News que a fantasia pode ser realizada mais cedo do que se pensa.
"Para que nossa espécie sobreviva, precisamos finalmente alcançar as estrelas", disse. "Os astrônomos acreditam que haja uma chance razoável de termos um planeta parecido com a Terra orbitando um estrelas no sistema Alfa Centauri. Mas saberemos mais nas próximas duas décadas por intermédio de dados dos nossos telescópios na Terra e no espaço."
Ainda de acordo com Hawking, "os avanços tecnológicos das últimas duas décadas e os avanços futuros tornarão (a viagem interestelar) possível dentro de uma geração".
O físico está apoiando um projeto da Fundação Mr. Milner's Breakthrough, uma organização privada que financia iniciativas de pesquisas científicas consideradas muito ambiciosas por fundos governamentais.
Grupo de trabalho
A organização reuniu um grupo de cientistas especialistas no assunto para avaliar a possibilidade de desenvolver naves espaciais capazes de viajar para outros sistemas estelas dentro de uma geração e ainda enviar informações de volta à Terra.
O sistema estelar mais próximo está distante 40 trilhões de quilômetros. Com a tecnologia disponível atualmente, chegar lá levaria cerca de 30 mil anos.
O grupo concluiu que com um pouco mais de pesquisa e desenvolvimento seria possível projetar uma aeronave espacial que reduziria esse tempo para somente 30 anos.
"Eu disse anteriormente que até poucos anos atrás viajar para outras estrelas nesse tipo de velocidade seria impossível", disse o cientista Pete Worden, que lidera o projeto. Ele é o presidente da Fundação Breakthrough Prize e ex-diretor do centro de pesquisas Nasa Ames, no Vale do Silício, na Califórnia.
"Mas o grupo de especialistas descobriu que, por causa dos avanços em tecnologia, parece haver um conceito que pode funcionar."
Esse conceito é reduzir o tamanho da aeronave para o de um chip usado em equipamentos eletrônicos. A ideia é lançar milhares dessas "mininaves" na órbita da Terra. Cada um teria um navegador solar.
Seria como uma vela em um barco - mas o sistema seria impulsionado pela luz, em vez do vento. Um laser gigante na Terra daria a cada uma das naves um poderoso empurrão que as ajudaria a alcançar 20% da velocidade da luz.
Tudo isso soa como ficção científica, mas Yuri Milner acredita que é tecnicamente possível desenvolver essa nave espacial e chegar a outro sistema estelar ainda nos próximos anos.
"A história humana tem grandes saltos. Há exatos cinquenta anos, Yuri Gagarin se tornou o primeiro homem no espaço. Hoje estamos nos preparando para o próximo salto: as estrelas", disse o milionário.
Trabalho desafiador
Mas antes de projetar naves espaciais capazes de chegar a outras estrelas, há muitos problemas a serem superados.
Uma prioridade é desenvolver câmeras, instrumentos e sensores em miniatura capazes de caber em um chip, assim como projetar um navegador solar forte o suficiente para ser atingido por um laser poderoso por vários minutos e encontrar uma forma de captar imagens e informações do novo sistema estelar para serem enviados de volta à Terra.
O professor Martin Sweeting, pesquisador do Centro espacial de Surrey, na Inglaterra, e presidente da empresa de engenharia espacial especializada em pequenos satélites Surrey Satellite Technology, quer se envolver no projeto.
Ele fundou a empresa há 30 anos e foi responsável pela redução de custo e de tamanho dos satélites.
"Muito do que fizemos nos anos 80 foi considerado muito maluco, mas agora pequenos satélites estão na moda. Esse projeto (de viagem interestelar) parece uma ideia de maluco, mas novas tecnologias surgiram e agora isso não é mais maluquice, é só difícil", disse ele à BBC News.
Andrew Coates, do laboratório de ciência espacial Mullard, que é parte da Universidade de Londres, concorda que o projeto é desafiador, mas não impossível.
"Teríamos muitas dificuldades a resolver, como mecanismos de resistência à radiação espacial e ao ambiente empoeirado, a sensibilidade dos instrumentos, a interação entre o poder dos lasers que impulsionariam as naves e atmosfera da Terra, a estabilidade na nave espacial e o fornecedor de energia", afirma.
Mas, segundo ele, "devemos olhar com atenção para esse conceito se realmente quisermos alcançar outro sistema estelar dentro de uma geração".
Stephen Hawking acredita que o que antes era um sonho distante epode e deve se tornar uma realidade dentro de três décadas.
"Não há alturas mais altas a serem alcançadas do que as estrelas. Não é sábio manter todos os novos ovos em uma cesta frágil", disse ele. "A vida na Terra enfrenta perigos astronômicos como asteroides e supernovas."
12/04/2016
Para Hawking, 'avanços tecnológicos das últimas duas décadas tornarão (viagem interestelar) possível dentro de uma geração'
O físico Stephen Hawking anunciou apoio a um projeto que pretende enviar uma pequena nave espacial - do tamanho de um chip usado em equipamentos eletrônicos - para uma viagem interestelar daqui a uma geração.
O veículo viajaria trilhões de quilômetros, muito mais distante do que qualquer outra nave.
Um programa de pesquisa de US$ 100 milhões (cerca de R$ 350 milhões) para o desenvolvimento das "naves estelares" do tamanho de pequenos chips eletrônicos foi lançado pelo milionário Yuri Milner e apoiado pelo fundador do Facebook, Mark Zuckerberg.
A viagem interestelar tem sido um sonho para muitos, mas ainda enfrenta barreiras tecnológicas. Entretanto, Hawking disse à BBC News que a fantasia pode ser realizada mais cedo do que se pensa.
"Para que nossa espécie sobreviva, precisamos finalmente alcançar as estrelas", disse. "Os astrônomos acreditam que haja uma chance razoável de termos um planeta parecido com a Terra orbitando um estrelas no sistema Alfa Centauri. Mas saberemos mais nas próximas duas décadas por intermédio de dados dos nossos telescópios na Terra e no espaço."
Ainda de acordo com Hawking, "os avanços tecnológicos das últimas duas décadas e os avanços futuros tornarão (a viagem interestelar) possível dentro de uma geração".
O físico está apoiando um projeto da Fundação Mr. Milner's Breakthrough, uma organização privada que financia iniciativas de pesquisas científicas consideradas muito ambiciosas por fundos governamentais.
Grupo de trabalho
A organização reuniu um grupo de cientistas especialistas no assunto para avaliar a possibilidade de desenvolver naves espaciais capazes de viajar para outros sistemas estelas dentro de uma geração e ainda enviar informações de volta à Terra.
O sistema estelar mais próximo está distante 40 trilhões de quilômetros. Com a tecnologia disponível atualmente, chegar lá levaria cerca de 30 mil anos.
O grupo concluiu que com um pouco mais de pesquisa e desenvolvimento seria possível projetar uma aeronave espacial que reduziria esse tempo para somente 30 anos.
"Eu disse anteriormente que até poucos anos atrás viajar para outras estrelas nesse tipo de velocidade seria impossível", disse o cientista Pete Worden, que lidera o projeto. Ele é o presidente da Fundação Breakthrough Prize e ex-diretor do centro de pesquisas Nasa Ames, no Vale do Silício, na Califórnia.
"Mas o grupo de especialistas descobriu que, por causa dos avanços em tecnologia, parece haver um conceito que pode funcionar."
Esse conceito é reduzir o tamanho da aeronave para o de um chip usado em equipamentos eletrônicos. A ideia é lançar milhares dessas "mininaves" na órbita da Terra. Cada um teria um navegador solar.
Seria como uma vela em um barco - mas o sistema seria impulsionado pela luz, em vez do vento. Um laser gigante na Terra daria a cada uma das naves um poderoso empurrão que as ajudaria a alcançar 20% da velocidade da luz.
Tudo isso soa como ficção científica, mas Yuri Milner acredita que é tecnicamente possível desenvolver essa nave espacial e chegar a outro sistema estelar ainda nos próximos anos.
"A história humana tem grandes saltos. Há exatos cinquenta anos, Yuri Gagarin se tornou o primeiro homem no espaço. Hoje estamos nos preparando para o próximo salto: as estrelas", disse o milionário.
Trabalho desafiador
Mas antes de projetar naves espaciais capazes de chegar a outras estrelas, há muitos problemas a serem superados.
Uma prioridade é desenvolver câmeras, instrumentos e sensores em miniatura capazes de caber em um chip, assim como projetar um navegador solar forte o suficiente para ser atingido por um laser poderoso por vários minutos e encontrar uma forma de captar imagens e informações do novo sistema estelar para serem enviados de volta à Terra.
O professor Martin Sweeting, pesquisador do Centro espacial de Surrey, na Inglaterra, e presidente da empresa de engenharia espacial especializada em pequenos satélites Surrey Satellite Technology, quer se envolver no projeto.
Ele fundou a empresa há 30 anos e foi responsável pela redução de custo e de tamanho dos satélites.
"Muito do que fizemos nos anos 80 foi considerado muito maluco, mas agora pequenos satélites estão na moda. Esse projeto (de viagem interestelar) parece uma ideia de maluco, mas novas tecnologias surgiram e agora isso não é mais maluquice, é só difícil", disse ele à BBC News.
Andrew Coates, do laboratório de ciência espacial Mullard, que é parte da Universidade de Londres, concorda que o projeto é desafiador, mas não impossível.
"Teríamos muitas dificuldades a resolver, como mecanismos de resistência à radiação espacial e ao ambiente empoeirado, a sensibilidade dos instrumentos, a interação entre o poder dos lasers que impulsionariam as naves e atmosfera da Terra, a estabilidade na nave espacial e o fornecedor de energia", afirma.
Mas, segundo ele, "devemos olhar com atenção para esse conceito se realmente quisermos alcançar outro sistema estelar dentro de uma geração".
Stephen Hawking acredita que o que antes era um sonho distante epode e deve se tornar uma realidade dentro de três décadas.
"Não há alturas mais altas a serem alcançadas do que as estrelas. Não é sábio manter todos os novos ovos em uma cesta frágil", disse ele. "A vida na Terra enfrenta perigos astronômicos como asteroides e supernovas."
UM COMETA ÚNICO
Descoberto cometa "único" que fornece pistas sobre origem do Sistema Solar
29/04/2016
COMETA DA ÉPOCA DA FORMAÇÃO DA TERRA - Astronautas descobriram um objeto rochoso único que parece ser feito de matéria do Sistema Solar, e que seria do período da formação da Terra. Se comprovada sua origem, esse antigo cometa sem cauda pode fornecer importantes pistas de como o Sistema Solar se formou. De acordo com os cientistas da ESO (Observatório Europeu do Sul), o objeto deve ter feito parte de um planeta rochoso, como a Terra, mas foi expelido para fora do sistema e ficou preservado por ter sido congelado durante milhares de anos na Nuvem de Oort. Essa nuvem rodeia o Sistema Solar, como uma bolha, e acreditam que há entre um e cem bilhões de cometas congelados na região
O ESO (Observatório Europeu do Sul) anunciou nesta sexta-feira (29) a descoberta de um cometa "único" que está congelado há bilhões de anos, e por isso sua composição poderia fornecer pistas sobre a origem do Sistema Solar.
O cometa denominado C/2014 S3 (PANSTARRS) se formou no interior do Sistema Solar, junto com a Terra, mas foi expulso em uma fase muito antecipada para além de Netuno, onde permaneceu "profundamente congelado" na denominada Nuvem de Oort.
"Este é o primeiro asteroide 'em estado cru' que conseguimos observar: foi conservado no melhor congelador que existe", afirmou Karen Meech, responsável pela pesquisa e membro do Instituto de Astronomia da Universidade do Havaí.
A cientista explica em artigo publicado na revista especializada Science Advances que captaram pela primeira vez sua existência através do telescópio Pan-STARRS1.
O objeto chamou a atenção da pesquisadora, por não ter a típica cauda longa própria dos cometas que traçam maiores órbitas (a atual deste cometa é de 860 anos) quando começam a se aproximar do Sol.
Pela falta desta característica, os astrônomos decidiram então batizar o objeto de Manx, em referência a uma raça de gatos sem cauda.
Posteriormente, graças ao uso do telescópio VLT - instalado no Chile -, descobriram que o C/2014 S3 era rochoso, em vez de gelado, outra característica "incomum" para um cometa situado nos confins do Sistema Solar.
A composição descoberta no corpo único estudado é típica dos cometas do cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter, os chamados de tipo S, o que, de acordo com os especialistas, indica que está em uma órbita próxima ao Sol há relativamente pouco tempo.
Uma análise mais detalhada da luz refletida por este cometa mostrou que seus componentes, graças às baixas temperaturas, sofreram muito pouco processamento e oferecem uma janela para a origem do Sistema Solar.
"Descobrimos o primeiro cometa rochoso e estamos procurando outros", explicou Olivier Hainaut, coautor do estudo, que espera encontrar mais cometas parecidos para conhecer melhor como o Sistema Solar foi se formando.
"Dependendo de quantos encontremos, saberemos se os planetas gigantes dançaram por todo o Sistema Solar quando eram jovens, ou se cresceram tranquilamente sem se movimentar muito", afirmou Hainaut.
29/04/2016
COMETA DA ÉPOCA DA FORMAÇÃO DA TERRA - Astronautas descobriram um objeto rochoso único que parece ser feito de matéria do Sistema Solar, e que seria do período da formação da Terra. Se comprovada sua origem, esse antigo cometa sem cauda pode fornecer importantes pistas de como o Sistema Solar se formou. De acordo com os cientistas da ESO (Observatório Europeu do Sul), o objeto deve ter feito parte de um planeta rochoso, como a Terra, mas foi expelido para fora do sistema e ficou preservado por ter sido congelado durante milhares de anos na Nuvem de Oort. Essa nuvem rodeia o Sistema Solar, como uma bolha, e acreditam que há entre um e cem bilhões de cometas congelados na região
O ESO (Observatório Europeu do Sul) anunciou nesta sexta-feira (29) a descoberta de um cometa "único" que está congelado há bilhões de anos, e por isso sua composição poderia fornecer pistas sobre a origem do Sistema Solar.
O cometa denominado C/2014 S3 (PANSTARRS) se formou no interior do Sistema Solar, junto com a Terra, mas foi expulso em uma fase muito antecipada para além de Netuno, onde permaneceu "profundamente congelado" na denominada Nuvem de Oort.
"Este é o primeiro asteroide 'em estado cru' que conseguimos observar: foi conservado no melhor congelador que existe", afirmou Karen Meech, responsável pela pesquisa e membro do Instituto de Astronomia da Universidade do Havaí.
A cientista explica em artigo publicado na revista especializada Science Advances que captaram pela primeira vez sua existência através do telescópio Pan-STARRS1.
O objeto chamou a atenção da pesquisadora, por não ter a típica cauda longa própria dos cometas que traçam maiores órbitas (a atual deste cometa é de 860 anos) quando começam a se aproximar do Sol.
Pela falta desta característica, os astrônomos decidiram então batizar o objeto de Manx, em referência a uma raça de gatos sem cauda.
Posteriormente, graças ao uso do telescópio VLT - instalado no Chile -, descobriram que o C/2014 S3 era rochoso, em vez de gelado, outra característica "incomum" para um cometa situado nos confins do Sistema Solar.
A composição descoberta no corpo único estudado é típica dos cometas do cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter, os chamados de tipo S, o que, de acordo com os especialistas, indica que está em uma órbita próxima ao Sol há relativamente pouco tempo.
Uma análise mais detalhada da luz refletida por este cometa mostrou que seus componentes, graças às baixas temperaturas, sofreram muito pouco processamento e oferecem uma janela para a origem do Sistema Solar.
"Descobrimos o primeiro cometa rochoso e estamos procurando outros", explicou Olivier Hainaut, coautor do estudo, que espera encontrar mais cometas parecidos para conhecer melhor como o Sistema Solar foi se formando.
"Dependendo de quantos encontremos, saberemos se os planetas gigantes dançaram por todo o Sistema Solar quando eram jovens, ou se cresceram tranquilamente sem se movimentar muito", afirmou Hainaut.
terça-feira, 26 de abril de 2016
O NONO PLANETA
Hipotético nono planeta do Sistema Solar pode ter sido “adotado”, dizem cientistas.
O FRENESI
No começo do ano, quando Mike Brown e Konstantin Batygin apresentaram evidências de que deve haver um nono planeta no Sistema Solar, a comunidade astronômica entrou num frenesi que não se via desde o fim do século 19. Pode mesmo haver um novo mundo a ser descoberto lá fora, além de Netuno?
NA PERIFERIA
Segundo os cálculos, o tal planeta 9 deve estar numa órbita bem oval, que no entanto nunca o traz para as regiões mais internas do Sistema Solar. Em sua máxima aproximação, estaria seis vezes mais distante do Sol que Netuno. No ponto de máximo afastamento, bem mais longe que isso.
A CAÇADA E O MISTÉRIO
Enquanto alguns pesquisadores já estão firmes na tarefa de tentar encontrar o planeta 9, outros se fazem uma pergunta ainda mais fundamental: como esse mundo pode ter parado onde está, numa órbita bem diferente da dos outros oito planetas? É um desafio para as teorias de formação planetária.
MUNDO EM FUGA
Uma possibilidade aventada é a de que o planeta 9 tenha se formado mais perto do Sol e então tenha sido atirado para mais longe por uma passagem de raspão por algum dos outros planetas — como um estilingue gravitacional.
PLANETA ADOTADO
Outra, mais intrigante, sugere que o planeta 9 possa ter sido capturado pelo Sol e na verdade seja originário de um sistema planetário vizinho — um exoplaneta “adotado”. Como as estrelas costumam nascer em ninhadas, em meio a nebulosas, não faltariam oportunidades para uma surrupiada desse tipo no provável local de nascimento do Sol.
A VERDADE ESTÁ LÁ FORA
Essa possibilidade foi agora investigada por um trio de pesquisadores da Suécia e da França. Em artigo, eles descrevem simulações que mostram como poderia ter acontecido. Mas como saber se foi isso mesmo? Dizem eles que as órbitas de pequenos objetos residentes nos confins do Sistema Solar podem revelar se o planeta 9 é mesmo adotado ou nasceu junto com seus irmãos solares. A conferir.
terça-feira, 16 de fevereiro de 2016
AS ONDAS GRAVITACIONAIS
Quatro pontos para entender a descoberta que confirma teoria de Einstein e muda modo como vemos Universo
11/02/2016
Há 100 anos, Albert Einstein previu a existência de ondas gravitacionais como parte de sua Teoria Geral da Relatividade.
Durante décadas, os cientistas vinham tentando, sem êxito, detectar essas ondas - fundamentais para entender as leis que regem no Universo.
Isso até esta quinta-feira - um dia que já vem sendo considerado histórico, já que um grupo de cientistas de vários países anunciou ter conseguido detectar pela primeira vez as chamadas ondas gravitacionais.
Essa comprovação é uma das maiores descobertas da ciência do nosso tempo porque, além de confirmar as ideias de Einstein, abre as portas para maneiras totalmente novas de se investigar o Universo. A partir de agora, a astronomia e outras áreas da ciência entram uma nova era.
Os pesquisadores do projeto LIGO (Laser Interferometer Gravitational-Wave Observatory, ou observatório de Interferometria de Ondas Gravitacionais), em Washington e na Lousiana, observaram o fenômeno e acompanharam distorções no espaço com a interação de dois buracos negros a 1,3 bilhão de anos-luz da Terra.
Mas o que exatamente essa descoberta significa? Veja quatro dos principais pontos.
O que exatamente são ondas gravitacionais?
Segundo a teoria de Einstein, todos os corpos em movimento emitem essas ondas que, como uma pedrinha que afeta a água quando toca nela, produz perturbações no espaço.
A Teoria da Relatividade de Einstein é um pilar da física moderna que transformou nosso entendimento do espaço, do tempo e da gravidade. E por meio delas entendemos muitas coisas: da expansão do Universo até o movimento dos planetas e a existências dos buracos negros.
Essas ondas gravitacionais são basicamente feixes de energia que distorcem o tecido do espaço-tempo, o conjunto de quatro dimensões formado por tempo e espaço tridimensional.
Assim, qualquer massa em movimento produz ondulações nesse tecido tempo-espaço. Até nós mesmos.
E Einstein previu que o Universo estava inundado por essas ondas. Esse efeito, no entanto, é muito fraco, e apenas grandes massas, movendo-se sob fortes acelerações, podem produzir essas ondulações em um grau razoável.
Assim, quanto maior essa massa, maior é o movimento e maiores são as ondas. Nessa categoria entram explosões de estrelas gigantes, a colisão de estrelas mortas super-densas e a junção de buraco negros. Todos esses eventos devem radiar energia gravitacional na velocidade da luz.
Como os cientistas detectaram essas ondas?
Os pesquisadores trabalhavam há anos para detectar as minúsculas distorções causadas quando as ondas gravitacionais passam pela Terra. Os detectores nos Estados Unidos - localizados no Ligo - e na Itália (conhecido como Virgo) são ambos formados por dois túneis idênticos em forma de L, de 4 km de comprimento. Os norte-americanos, usados para a descoberta, estão separados por 3 mil km.
Nele, um feixe de laser é gerado e dividido em dois - uma metade é disparada em um túnel, e a outra entra pela segunda passagem.
Espelhos ao final dos dois túneis rebatem os feixes para lá e para cá muitas vezes, antes que se recombinem. Se uma onda passa pelo túnel, ela vai distorcer levemente seu entorno, mudando a longitude dos túneis em uma quantidade diminuta (apenas uma fração da largura de um átomo).
E a forma com que as ondas se movem pelo espaço significa que um túnel se estira e outro se encolhe, o que fará com que um raio laser viaje uma distância levemente maior, enquanto o outro fará uma viagem mais curta.
Como resultado, os raios divididos se recombinam de uma maneira diferente: as ondas de luz interferem entre si, em vez de se cancelarem. Essa observação direta abre uma nova janela para o cosmos, uma janela que não seria possível sem Einstein.
E qual a implicação disso?
Os objetos também emitem essas perturbações que acabaram de ser detectadas, mas a partir de agora os físicos poderão olhar os objetos com as ondas eletromagnéticas e escutá-los com as gravitacionais.
"Agora, o que se tem são sentidos diferentes e complementares, para estudar as mesmas fontes. E com isso, podemos extrair muito mais informações", disse à BBC Mundo, Alicia Sintes, do departamento de física do Instituto de Estudos Espaciais da Catalunha, na Espanha, que participou do projeto.
"Não estamos falando de expandir um pouco mais o espectro eletromagnético, mas de um espectro totalmente novo."
A especialista afirma as ondas eletromagnéticas dão informações do Universo quando ele tinha 300 mil anos de idade.
"Já com as ondas gravitacionais, pode-se ver as (ondas) que foram emitidas quando o Universo tinha apenas um segundo de idade."
É isso que será possível estudar a partir de agora.
Outro impacto diz respeito aos buracos negros: nosso conhecimento sobre a existência deles é, na verdade, bastante indireto. A influência gravitacional nos buracos negros é tão grande que nem a luz escapa de sua força. Mas não podemos ver isso em telescópios, só pela luz da matéria sendo partida ou acelerada à medida que chega muito perto de um buraco negro.
Já as ondas gravitacionais são um sinal que vem desses objetos e carrega informações sobre eles. Nesse sentido, pode-se até dizer que a recente descoberta significa a primeira detecção direta dos buracos negros.
Qual o efeito causado por essas ondas na Terra?
Quando as ondas gravitacionais passam pela Terra, o tempo-espaço que nosso planeta ocupa deve se alternar entre se esticar e se comprimir.
Pense em um par de meias: quando você as puxa repetidas vezes, elas se alongam e ficam mais estreitas.
Os interferêmetros do Ligo, aparelhos usados para medir ângulos e distâncias aproveitando a interferência de ondas eletromagnéticas, vêm buscando esse estiramento e compressão por mais de uma década.
A expectativa era a de que ele detectaria distúrbios menores do que uma fração da largura de um próton, a partícula que compõe o núcleo de todos os átomos.
É como ouvir após surdez, diz físico que ajudou a provar teoria de Einstein
12/02/2016
A última quinta (11) foi histórica para a ciência. O anúncio de que ondas gravitacionais previstas por Albert Einstein há 100 anos na Teoria da Relatividade foram identificadas mudará a astrofísica e promete fazer "ouvidos humanos" chegarem a pontos longínquos do universo. Sim, os ouvidos. É esta a principal metáfora utilizada por quem atuou no projeto, como o italiano Riccardo Sturani, que atualmente é pesquisador do IFT-Unesp (Instituto de Física Teórica da Universidade Estadual Paulista).
"Temos agora um novo canal para explorar o universo. É como se, depois de uma surdez, começássemos a ouvir. Tem um mundo novo que vai ser descoberto. Vamos detectar fontes que não eram detectadas, como buracos negros. Vamos poder ouvir mais objetos, porque não emitindo luz não podem ser vistos. Agora podemos ouvir as assinaturas deles, como produzem e como se comportam no espaço-tempo", disse Sturani, em entrevista ao UOL.
A comparação com nossos ouvidos tem um motivo curioso: segundo o pesquisador italiano, as ondas gravitacionais têm a mesma frequência de ondas sonoras. A diferença entre ambas, contudo, é grande: enquanto ondas sonoras são levadas pelo ar, as gravitacionais são carregadas pelo espaço-tempo.
Como é possível saber a origem da onda?
Caltech/MIT/LIGO Laboratory/Handout
Este é um dos equipamentos nos Estados Unidos que ajudou a captar ondas gravitacionais pela primeira vez na história
O pesquisador participa do estudo que revolucionou a astrofísica desde 2008, quando ainda estava em seu país natal. Sturani ajudou no desenvolvimento da modelização do sinal na Itália até 2012. Em 2013, veio ao Brasil e seguiu atuante no projeto, com análises de dados. O anúncio de quinta veio para corroborar o trabalho de físicos de 16 países, mas foi anunciado por norte-americanos - entenda mais sobre a pesquisa.
Nos Estados Unidos, estão situados os dois equipamentos que captaram as ondas gravitacionais, identificadas como produzidas pelo choque de dois buracos negros de tamanhos modestos a mais de um bilhão de anos-luz. Como é possível ter a certeza disso?
"Tem uma mudança na frequência da onda. A partir de como muda dá para estimar a massa dos dois buracos negros. A partir da massa e da distância, dá para saber a amplitude dos buracos negros. Dá para medir a distância comparando com a massa e a mudança da frequência. A precisão das massas é de 10%, até pouco menos. A da distância é de 50%", explicou Sturani.
As implicações do estudo – Big Bang mais perto de ser "ouvido"?
Thinkstock
Big Bang também deve ter gerado ondas gravitacionais
Mas o que mudará com o estudo? Muita coisa. Primeiro, que a Teoria da Relatividade prevista por Einstein está agora totalmente comprovada. Mais importante que isso é que cada vez mais eventos do universo poderão ser identificados – como dito, antes só tínhamos olhos para o universo que permitiam enxergar apenas o que emite ou reflete luz, agora também temos ouvidos.
"Podemos chegar mais fundo no universo, as ondas gravitacionais não interagem com quase nada. É uma viagem no passado tanto quanto é a arqueologia. A amplitude delas diminui com a distância, mas tirando isso ela se propaga muito. Se encontra uma galáxia no meio, não perde energia. Isso é bom porque fontes distantes não perdem energia, mas um lado ruim é que precisa de equipamentos muito sofisticados. A energia das ondas é pequeniníssima", contou Sturani.
Se pudemos ouvir as ondas de dois buracos negros que se fundiram há muito tempo, quer dizer que estamos mais perto de captar o nosso Big Bang, correto? Mais ou menos, de acordo com o pesquisador italiano.
"Do Big Bang daria para conseguir, tem a possibilidade que tenha produzido ondas gravitacionais, mas em outra frequência. Precisaria de um detector completamente diferente. São detectores que identificam ondas gravitacionais cósmicas de fundo, são ondas gravitacionais super-pequenas, dos primórdios. Já estão pesquisando, mas até agora não tiveram evidências", relatou o pesquisador da Unesp.
Primeiro anúncio foi só o início
As ondas gravitacionais foram captadas por equipamentos chamados de LIGO, que estão nessa investigação desde 2002. Por oito anos, nada foi captado. Em 2010, passou por uma recalibragem e ficou ligado por quatro meses a partir de setembro do último ano. Os dados já anunciados que revolucionaram a ciência dizem respeito apenas a análises de dados das duas primeiras semanas. Nos próximos meses, outras novidades podem surgir.
A novidade, contudo, não para por aí. No fim deste ano, o equipamento ganhará um terceiro detector, que está sendo instalado na Itália. Com este terceiro objeto, será possível triangular as ondas gravitacionais – ou seja, poderá identificar de que direção do universo ela teve origem e aí levar os dados para um observatório tradicional apontar o telescópio. O LIGO ainda está em constante atualização e estima-se que sua sensibilidade máxima seja alcançada em 2020. É difícil imaginar quais informações ainda estão por vir.
http://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/redacao/2016/02/12/e-como-ouvir-apos-surdez-diz-fisico-que-ajudou-a-provar-teoria-de-einstein.htm
quinta-feira, 1 de outubro de 2015
SALVANDO O PLANETA
Sonda europeia observa impacto de sonda americana em asteroide (Foto: ESA)Sonda europeia AIM observa impacto de sonda americana Dart com o asteroide Didymoon (Ilustração: ESA)
01/10/2015
Nasa e ESA detalham missão para tentar desviar rota de asteroide
Sonda americana terá colisão a 22.500 km/h, observada por sonda europeia.
Ideia é estudar objeto e testar técnica que salvaria Terra de eventual impacto.
Se astrônomos descobrirem um grande asteroide em rota de colisão com a Terra, seria possível fazer algo para detê-lo? Cientistas da Nasa e da ESA, agências espaciais americana e europeia, revelaram ontem detalhes de como deve ser uma missão conjunta para tentar responder a essa pergunta. A ideia é tentar desviar um asteroide de verdade como teste.
O alvo da missão já foi escolhido. É um sistema binário composto de um asteroide maior, Didymos, de 750 metros de comprimento e outro que o orbita, Didymoon, com 160 metros. A ideia é que os americanos enviem uma sonda-projétil para colidir com Didymoon, enquanto os europeus operariam uma sonda-observadora no local para registrar e estudar os efeitos do impacto.
O plano geral da missão, batizada de Aida (Avaliação de Impacto e Desvio de Asteroide), foi revelado nesta quarta-feira (30) no Congresso Europeu de Ciência Planetária. A ideia é que as sondas sejam lançadas em 2020 e 2021 e cheguem a seu alvo em 2022. A estimativa de orçamento do projeto ainda não foi anunciada.
A sonda europeia, batizada de AIM (Missão de Impacto de Asteroide), vai usar instrumentos para mapear e estudar Didymos, além de lançar pequenos satélites e um módulo de aterrissagem no asteroide grande. A sonda americana, Dart (sigla para Teste de Redirecionamento de Asteroide Duplo), colidiria com Didymoon em 2022. O choque da sonda de 300 kg a 22.500 mil km/h teria força suficiente para perfurar o asteroide e se alojar em seu núcleo.
A ideia é entender a composição do astro e avaliar se a sonda é capaz de alterar sua órbita de maneira significativa. A Aida, além disso, será a primeira missão a estudar um asteroide binário de perto e vai testar novos sistemas de comunicação interplanetária via laser.
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