quarta-feira, 11 de maio de 2016

EXOPLANETAS...MILHARES

Cinco curiosidades sobre o telescópio Kepler, que descobriu mais de mil exoplanetas
Nasa/Divulgação
Telescópio espacial Kepler

10/05/2016

A Nasa anunciou na terça-feira a descoberta de 1.284 novos exoplanetas - planetas situados fora do nosso Sistema Solar -, que foram encontrados através do instrumento de observação ideal que constitui o telescópio espacial Kepler.

Lançado no dia 6 de março de 2009 e batizado em homenagem ao matemático alemão Johannes Kepler (1571-1630), este telescópio extremamente potente, que tem 4,7 metros de altura e 2,7 de largura e pesa mais de uma tonelada, procura planetas onde a vida seria possível, como na Terra.
- Como o Kepler funciona?

O Kepler aponta constantemente para um mesmo grupo de 150.000 estrelas, nas constelações de Cygnus e Lyra, na Via Láctea. Detecta os planetas através da observação de uma diminuição temporária do brilho das estrelas que vigia. Quando um planeta passa na frente da sua estrela, como Mercúrio fez diante do Sol na segunda-feira, por exemplo, a luz da estrela parece diminuir levemente. O Kepler pode perceber inclusive variações muito sutis de brilho, que indicam a presença de um planeta. O telescópio é tão poderoso que, se apontasse para a Terra durante a noite, poderia notar a mudança no brilho quando alguém acende uma luz na varanda de uma casa em uma cidade pequena.
- A maior câmera fotográfica no espaço

Para observar as estrelas que vigia, o Kepler dispõe de uma lente frontal de 1,4 metro de diâmetro, colocada diante de sensores digitais, como em uma câmara fotográfica. Estes sensores acoplados entre si fazem com que o Kepler conte com uma superfície sensível de 95 milhões de pixels, o que o converte na maior câmera fotográfica já lançada no espaço. Estes sensores fazem registros de forma contínua, e transmitem suas enormes quantidades de dados aos cientistas da Nasa na Terra, aproximadamente uma vez por mês.
- À beira da catástrofe

Esta maravilha tecnológica já falhou... duas vezes! Na primeira vez, duas das quatro rodas de reação, que mantém o telescópio estável e o permitem apontar para uma determinada direção no espaço, pararam de funcionar, a primeira em julho de 2012, e a segunda no início de 2013. Os pesquisadores da Nasa conseguiram resolver o problema, mas tiveram que mudar a missão original do telescópio, de modo que ele deixou de apontar para o grupo de estrelas que observava desde o início e passou a realizar campanhas de observação no âmbito de uma missão chamada K2.

No mês passado, uma segunda falha fez com que os pesquisadores temessem o pior. Pela primeira vez, o aparelho entrou em modo de emergência, limitando as suas funções às necessárias para sobreviver, e registrou múltiplas falhas simultâneas. Tratava-se, na verdade, de um problema informático que os engenheiros da NASA conseguiram resolver. Embora ainda não se saiba o que causou o problema, o telescópio voltou a funcionar normalmente.
- O que o Kepler descobriu até agora?

Dos quase 5.000 exoplanetas potenciais descobertos até hoje, mais de 3.200 foram confirmados. Entre eles, 2.325 foram descobertos pelo Kepler.

Após a última leva de dados decifrados pela NASA, foi anunciado, na terça-feira, que o Kepler tinha identificado 4.302 possíveis planetas. Há mais de 99% de certeza de que 1.284 deles sejam realmente exoplanetas; os outros 1.327 provavelmente também o são, mas requerem análises adicionais.

As análises do Kepler permitiram também validar outros 984 exoplanetas que foram detectados por outros meios.
- Quanto tempo dura a missão do Kepler?

Lançada em 2009, a missão original do Kepler deveria durar três anos e meio, com uma eventual prorrogação por outros dois anos. Desde a falha em 2013, porém, o telescópio é utilizado como parte da missão K2, prevista para terminar em 2017 ou 2018.

segunda-feira, 2 de maio de 2016

VIAGEM INTERESTELAR

O revolucionário projeto de viagem interestelar apoiado por Stephen Hawking para tentar 'salvar a humanidade'

12/04/2016

Para Hawking, 'avanços tecnológicos das últimas duas décadas tornarão (viagem interestelar) possível dentro de uma geração'
O físico Stephen Hawking anunciou apoio a um projeto que pretende enviar uma pequena nave espacial - do tamanho de um chip usado em equipamentos eletrônicos - para uma viagem interestelar daqui a uma geração.

O veículo viajaria trilhões de quilômetros, muito mais distante do que qualquer outra nave.

Um programa de pesquisa de US$ 100 milhões (cerca de R$ 350 milhões) para o desenvolvimento das "naves estelares" do tamanho de pequenos chips eletrônicos foi lançado pelo milionário Yuri Milner e apoiado pelo fundador do Facebook, Mark Zuckerberg.

A viagem interestelar tem sido um sonho para muitos, mas ainda enfrenta barreiras tecnológicas. Entretanto, Hawking disse à BBC News que a fantasia pode ser realizada mais cedo do que se pensa.

"Para que nossa espécie sobreviva, precisamos finalmente alcançar as estrelas", disse. "Os astrônomos acreditam que haja uma chance razoável de termos um planeta parecido com a Terra orbitando um estrelas no sistema Alfa Centauri. Mas saberemos mais nas próximas duas décadas por intermédio de dados dos nossos telescópios na Terra e no espaço."

Ainda de acordo com Hawking, "os avanços tecnológicos das últimas duas décadas e os avanços futuros tornarão (a viagem interestelar) possível dentro de uma geração".

O físico está apoiando um projeto da Fundação Mr. Milner's Breakthrough, uma organização privada que financia iniciativas de pesquisas científicas consideradas muito ambiciosas por fundos governamentais.
Grupo de trabalho

A organização reuniu um grupo de cientistas especialistas no assunto para avaliar a possibilidade de desenvolver naves espaciais capazes de viajar para outros sistemas estelas dentro de uma geração e ainda enviar informações de volta à Terra.

O sistema estelar mais próximo está distante 40 trilhões de quilômetros. Com a tecnologia disponível atualmente, chegar lá levaria cerca de 30 mil anos.

O grupo concluiu que com um pouco mais de pesquisa e desenvolvimento seria possível projetar uma aeronave espacial que reduziria esse tempo para somente 30 anos.

"Eu disse anteriormente que até poucos anos atrás viajar para outras estrelas nesse tipo de velocidade seria impossível", disse o cientista Pete Worden, que lidera o projeto. Ele é o presidente da Fundação Breakthrough Prize e ex-diretor do centro de pesquisas Nasa Ames, no Vale do Silício, na Califórnia.

"Mas o grupo de especialistas descobriu que, por causa dos avanços em tecnologia, parece haver um conceito que pode funcionar."

Esse conceito é reduzir o tamanho da aeronave para o de um chip usado em equipamentos eletrônicos. A ideia é lançar milhares dessas "mininaves" na órbita da Terra. Cada um teria um navegador solar.

Seria como uma vela em um barco - mas o sistema seria impulsionado pela luz, em vez do vento. Um laser gigante na Terra daria a cada uma das naves um poderoso empurrão que as ajudaria a alcançar 20% da velocidade da luz.

Tudo isso soa como ficção científica, mas Yuri Milner acredita que é tecnicamente possível desenvolver essa nave espacial e chegar a outro sistema estelar ainda nos próximos anos.

"A história humana tem grandes saltos. Há exatos cinquenta anos, Yuri Gagarin se tornou o primeiro homem no espaço. Hoje estamos nos preparando para o próximo salto: as estrelas", disse o milionário.


Trabalho desafiador
Mas antes de projetar naves espaciais capazes de chegar a outras estrelas, há muitos problemas a serem superados.

Uma prioridade é desenvolver câmeras, instrumentos e sensores em miniatura capazes de caber em um chip, assim como projetar um navegador solar forte o suficiente para ser atingido por um laser poderoso por vários minutos e encontrar uma forma de captar imagens e informações do novo sistema estelar para serem enviados de volta à Terra.

O professor Martin Sweeting, pesquisador do Centro espacial de Surrey, na Inglaterra, e presidente da empresa de engenharia espacial especializada em pequenos satélites Surrey Satellite Technology, quer se envolver no projeto.

Ele fundou a empresa há 30 anos e foi responsável pela redução de custo e de tamanho dos satélites.

"Muito do que fizemos nos anos 80 foi considerado muito maluco, mas agora pequenos satélites estão na moda. Esse projeto (de viagem interestelar) parece uma ideia de maluco, mas novas tecnologias surgiram e agora isso não é mais maluquice, é só difícil", disse ele à BBC News.

Andrew Coates, do laboratório de ciência espacial Mullard, que é parte da Universidade de Londres, concorda que o projeto é desafiador, mas não impossível.

"Teríamos muitas dificuldades a resolver, como mecanismos de resistência à radiação espacial e ao ambiente empoeirado, a sensibilidade dos instrumentos, a interação entre o poder dos lasers que impulsionariam as naves e atmosfera da Terra, a estabilidade na nave espacial e o fornecedor de energia", afirma.

Mas, segundo ele, "devemos olhar com atenção para esse conceito se realmente quisermos alcançar outro sistema estelar dentro de uma geração".

Stephen Hawking acredita que o que antes era um sonho distante epode e deve se tornar uma realidade dentro de três décadas.

"Não há alturas mais altas a serem alcançadas do que as estrelas. Não é sábio manter todos os novos ovos em uma cesta frágil", disse ele. "A vida na Terra enfrenta perigos astronômicos como asteroides e supernovas."

UM COMETA ÚNICO

Descoberto cometa "único" que fornece pistas sobre origem do Sistema Solar
29/04/2016

COMETA DA ÉPOCA DA FORMAÇÃO DA TERRA - Astronautas descobriram um objeto rochoso único que parece ser feito de matéria do Sistema Solar, e que seria do período da formação da Terra. Se comprovada sua origem, esse antigo cometa sem cauda pode fornecer importantes pistas de como o Sistema Solar se formou. De acordo com os cientistas da ESO (Observatório Europeu do Sul), o objeto deve ter feito parte de um planeta rochoso, como a Terra, mas foi expelido para fora do sistema e ficou preservado por ter sido congelado durante milhares de anos na Nuvem de Oort. Essa nuvem rodeia o Sistema Solar, como uma bolha, e acreditam que há entre um e cem bilhões de cometas congelados na região

O ESO (Observatório Europeu do Sul) anunciou nesta sexta-feira (29) a descoberta de um cometa "único" que está congelado há bilhões de anos, e por isso sua composição poderia fornecer pistas sobre a origem do Sistema Solar.

O cometa denominado C/2014 S3 (PANSTARRS) se formou no interior do Sistema Solar, junto com a Terra, mas foi expulso em uma fase muito antecipada para além de Netuno, onde permaneceu "profundamente congelado" na denominada Nuvem de Oort.

"Este é o primeiro asteroide 'em estado cru' que conseguimos observar: foi conservado no melhor congelador que existe", afirmou Karen Meech, responsável pela pesquisa e membro do Instituto de Astronomia da Universidade do Havaí.

A cientista explica em artigo publicado na revista especializada Science Advances que captaram pela primeira vez sua existência através do telescópio Pan-STARRS1.

O objeto chamou a atenção da pesquisadora, por não ter a típica cauda longa própria dos cometas que traçam maiores órbitas (a atual deste cometa é de 860 anos) quando começam a se aproximar do Sol.

Pela falta desta característica, os astrônomos decidiram então batizar o objeto de Manx, em referência a uma raça de gatos sem cauda.

Posteriormente, graças ao uso do telescópio VLT - instalado no Chile -, descobriram que o C/2014 S3 era rochoso, em vez de gelado, outra característica "incomum" para um cometa situado nos confins do Sistema Solar.

A composição descoberta no corpo único estudado é típica dos cometas do cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter, os chamados de tipo S, o que, de acordo com os especialistas, indica que está em uma órbita próxima ao Sol há relativamente pouco tempo.

Uma análise mais detalhada da luz refletida por este cometa mostrou que seus componentes, graças às baixas temperaturas, sofreram muito pouco processamento e oferecem uma janela para a origem do Sistema Solar.

"Descobrimos o primeiro cometa rochoso e estamos procurando outros", explicou Olivier Hainaut, coautor do estudo, que espera encontrar mais cometas parecidos para conhecer melhor como o Sistema Solar foi se formando.

"Dependendo de quantos encontremos, saberemos se os planetas gigantes dançaram por todo o Sistema Solar quando eram jovens, ou se cresceram tranquilamente sem se movimentar muito", afirmou Hainaut.