quarta-feira, 31 de março de 2010

O GRANDE COLISOR



Colisão de partículas simulando Big Bang chega a recorde.
Cientistas do Cern (Centro Europeu de Pesquisa Nuclear) comemoram a colisão de prótons na maior energia de 7 TeV, buscando condições próximas a do Big Bang.
30/03/2010


Cientistas responsáveis pelo maior colisor de partículas do mundo, o LHC, informaram nesta terça-feira (30) que conseguiram obter choques de prótons geradores de uma energia recorde de 7 TeV (tera ou trilhões de eletron volts), a energia máxima almejada pelo laboratório.

Reuters

Cientistas observam gráficos sobre as primeiras colisões bem sucedidas de energia total no Grande Colisor de Hádrons(LHC)
Seu objetivo é recriar condições similares ou miniversões do Big Bang, a grande explosão que teria dado origem ao universo. Os impactos de hoje chegaram a três vezes o máximo obtido antes.

No fim de novembro, o equipamento já havia atingido a marca de 1,18 TeV --posteriormente ainda chegando a 2,36 TeV em 2009--, e com isso já se tornando o acelerador de partículas de energia mais alta do mundo.

"Isto é física em ação, o início de uma nova era, com colisões de 7 TeV", disse Paola Catapano, cientista e porta-voz do Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (Cern, na sigla em francês), de Genebra, ao anunciar o experimento.

Os aplausos foram intensos nas salas de controle quando os detectores do Grande Colisor de Hadrons (LHC), instalado na fronteira entre França e Suíça, marcaram o choque de partículas subatômicas a uma velocidade próxima à da luz. O colisor possui um túnel oval de 27 quilômetros de comprimento e custou US$ 10 bilhões.

Maximilien Brice-21.out.09/Cern

Duto com ímãs restaurados em 2009 corre por trecho do túnel do LHC que havia sido danificado durante a pane ocorrida em 2008
"Estamos abrindo as portas à Nova Física, a um novo período de descobertas na história da humanidade", disse Rolf Dieter Heuer, diretor geral do Cern.

Cada colisão entre as partículas cria uma explosão que permite que milhares de cientistas vinculados ao projeto em todo o mundo rastreiem e analisem o que aconteceu um nanossegundo depois do hipotético Big Bang original, 13,7 bilhões de anos atrás.

O Cern reativou o LHC em novembro, depois de paralisá-lo nove dias depois do lançamento inicial, em setembro de 2008, quando a máquina se superaqueceu devido a problemas no cabo supercondutor que conecta dois ímãs de refrigeração.

Os cientistas esperam que a grande experiência lance luz sobre mistérios importantes do cosmos, como a origem das estrelas e dos planetas e o que exatamente é a matéria escura.

Agulhas pelo Atlântico

"Alinhar os feixes já é um grande desafio; é como disparar agulhas dos dois lados do Atlântico e esperar que elas colidam de frente no meio do caminho", disse Steve Myers, diretor de aceleradores e tecnologia do Cern.

Os físicos estão se concentrando na identificação do bóson de Higgs --a partícula que recebeu o nome do professor escocês Peter Higgs, que três décadas sugeriu que algo como ela torna possível a conversão da matéria criada no Big Bang em massa.

Tentativas anteriores de encontrar a partícula fracassaram. Segundo os físicos, a presença dela no cosmos permitiu que os escombros gasosos após o Big Bang se transformassem em galáxias, com estrelas e planetas como a Terra.

Martial Trezzini/Efe

Grande Colisor de Hádrons (LHC), acelerador de partículas do Laboratório Europeu de Física Nuclear (Cern), entre Suíça e França
Os cientistas do Cern também esperam encontrar evidência concreta da matéria escura, que acredita-se ser responsável por cerca de 25% do Universo. Apenas 5% do total do Universo representa material visível, que reflete a luz.

Os pesquisadores, no decorrer dos estudos no LHC, também esperam encontrar prova real da existência da energia escura, que representa os cerca de 70% restantes do cosmos.

Mas o experimento também pode ingressar no mundo da ficção científica, uma vez que as previsões de muitos cosmologistas apontam para a existência de outros universos paralelos e de dimensões além das cinco conhecidas, além de se vislumbrar o que havia antes do Big Bang.

terça-feira, 23 de março de 2010

NEBULOSA DO DRAGÃO






Imagem captada pelo observatório europeu de La Silla, no Chile, mostra a nebulosa NGC 5189, cujo formato em "s" lembra um dragão. As áreas verdes e avermelhadas são os resquícios de uma estrela à beira da morte.

AFP/ESO

O MAR DE METANO DE TITÃ




Imagem mostra o primeiro raio de sol refletido em lago na lua Titã, de Saturno, em registro da sonda Cassini em julho DE 2009. Astrônomos alemães descobriram um mar maior que o Cáspio nessa lua, com 400 mil quilômetros quadrados. Batizado como "Krake Mare", ele não é composto de água, mas de metano líquido ou de outro tipo de hidrocarboneto

Efe


Astrônomos alemães descobriram na lua Titã, que orbita em torno do planeta Saturno, um gigantesco mar, superior ao Cáspio, considerado o maior mar interno da Terra.

O Centro Alemão Aeroespacial (DLR) anunciou que o mar de Titã, descoberto por membros do instituto de estudos planetários de Berlim do DLR, tem uma superfície de até 400 mil quilômetros quadrados.

Batizado como "Krake Mare", o mar descoberto no satélite de Saturno não é composto de água, mas de metano líquido ou de outro tipo de hidrocarboneto.

O mar está no polo norte de Titã e sua descoberta foi possível pelas imagens obtidas com a sonda americana "Cassini" do satélite de Saturno. Um espectômetro de mapeamento visual e infravermelho (VIMS, na sigla em inglês) permitiu ver um brilho, similar ao reflexo do sol sobre o mar.

A novidade astronômica será apresentada amanhã na convenção anual da União Americana de Geofísica (AGU, na sigla em inglês) em San Francisco, ocorreu um ano após a descoberta de um mar de etano líquido no polo sul de Titã.

Com um diâmetro de 5,150 mil quilômetros, Titã é o segundo maior satélite de nosso sistema solar - depois de Ganimedes, que orbita em torno de Júpiter - e o único que conta com uma densa atmosfera.

Por causa de sua atmosfera carregada de nitrogênio, Titã é um satélite considerado interessante, já que se parece com o antigo estado da Terra.

Os cientistas alemães entendem que na natureza só pode brilhar assim uma superfície líquida.

O nome do mar, "Krake Mare", tem origem em um monstro marinho das sagas nórdicas, um polvo ou lula gigante que atacava os navios e devorava os marinheiros.

segunda-feira, 22 de março de 2010




Cientistas observam produção em massa de estrelas há 10 bilhões de anos
Um grupo internacional de astrônomos descobriu uma galáxia que há 10 bilhões de anos produzia estrelas numa velocidade 100 vezes mais rápida do que a da Via Láctea atualmente.

22/03/2010

Segundo os pesquisadores liderados pela Universidade de Durham, na Grã-Bretanha, a galáxia conhecida como SMM J2135-0102 produzia aproximadamente 250 sóis por ano.

"Essa galáxia é como um adolescente passando por um estirão", comparou Mark Swinbank, autor do estudo e membro do Instituto de Cosmologia Computacional da universidade britânica.

A pesquisa, publicada no site da revista científica Nature, revelou que quatro regiões da galáxia SMM J2135-0102 eram 100 vezes mais brilhantes do que atuais áreas formadoras de estrelas da Via Láctea, como a Nebulosa de Órion, indicando uma maior produção de estrelas.

"Galáxias no início do Universo parecem ter passado por um rápido crescimento e estrelas como o nosso Sol se formavam muito mais rapidamente do que hoje", disse.

A mesma equipe já tinha descoberto, em 2009, uma outra galáxia, MS1358arc, que também formava estrelas em uma velocidade maior do que a esperada há 12,5 bilhões de anos.

"Nós não entendemos completamente por que as estrelas estão se formando tão rapidamente, mas nossos estudos sugerem que as estrelas se formavam muito mais eficientemente no início do Universo do que hoje em dia", explicou Swinbank.

A galáxia SMM J2135-0102 foi encontrada graças ao telescópio Atacama Pathfinder, no Chile, operado pelo European Southern Observatory. Observações complementares foram feitas com a combinação de lentes naturais gravitacionais de galáxias nos arredores com o poderoso telescópio Submillimeter Array, no Havaí.

Por causa de sua enorme distância e do tempo que a luz levou para alcançar a Terra, a galáxia só pode ser observada como era há 10 bilhões de anos, apenas três bilhões de anos após o Big Bang.

BURACO NEGRO PRIMITIVO




Concepção artística de um buraco negro "supermassivo" no centro de uma galáxia. Astrônomos descobriram dois dos buracos negros mais antigos e primitivos já identificados, batizados de J0005-0006 e J0303-0019O. Eles foram identificados graças ao telescópio Spitzer, da Nasa, e descritos em estudo publicado na revista "Nature". Os cientistas acreditam que esses buracos negros famintos surgiram menos de 1 bilhão de anos após o Big Bang.

AFP/Nasa

COROT - 9B



Concepção artística do exoplaneta Corot-9b, do tamanho de Júpiter, em frente a estrela similar ao Sol, na constelação Serpens Cauda, distante cerca de 1.500 anos-luz da Terra



Primeiro exoplaneta "normal" é descoberto por satélite com participação brasileira.
17/03/2010

Cientistas anunciaram a descoberta de um exoplaneta com características similares às dos planetas do Sistema Solar, chamado de CoRot-9b. O planeta, que está fora de nosso Sistema Solar, está bem próximo de uma estrela como o Sol, na constelação Serpens Cauda, distante cerca de 1.500 anos-luz da Terra. O planeta foi visto pelo satélite CoRoT, que é uma parceria internacional com participação de laboratórios franceses e de mais seis países europeus e do Brasil.

De acordo com o professor Sylvio Ferraz-Mello, do Departamento de Astronomia do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, os cálculos realizados até o momento apontam que a temperatura do CoRot-9b varia de 20 graus negativos a 150 graus positivos. “Nessas temperaturas pode até existir água no estado líquido”, avalia o pesquisador, que integra a equipe de mais de 60 cientistas que atuam no satélite.

"Ele é o primeiro exoplaneta cujas propriedades podem ser profundamente estudadas", diz Claire Moutou, outro pesquisador do grupo. CoRot-9b é do tamanho de Júpiter (que possui cerca de 300 vezes a massa da Terra) e tem a órbita parecida com a de Mercúrio.

Ferraz-Melo conta que as observações tiveram início em 2008. “Na verdade, o CoRot9-b foi descoberto há cerca de dois anos, mas somente agora é que ele foi anunciado”, conta.

As informações sobre a temperatura e a forma do novo exoplaneta foram obtidas por medidas espectrográficas feitas a partir de um observatório no Chile. O trabalho no IAG, de acordo com o professor, envolve duas frentes de estudos: o tratamento das observações feitas no Chile, que permite obter medidas espectrográficas que determinam a massa do planeta, por exemplo, e o estudo dos fenômenos das marés nos planetas, que afetam sua rotação.

“O CoRot-9b não é completamente esférico. Ele é levemente ovalado”, observa o cientista, destacando que o planeta que acaba de ser anunciado demonstra um grande potencial para futuros estudos de suas características físicas e atmosféricas.

O satélite CoRoT identificou o planeta após 150 dias de observações durante o verão de 2008. Os parâmetros do planeta foram verificados no ano passado com o IAC-80 telescópio no Observatório do Teide, em Tenerife, e com outros telescópios, enquanto que as observações com o instrumento HARPS (High Accuracy Radial velocity Planet Searcher) no telescópio de 3,6 metros do ESO no Chile, medido a sua massa, e confirmou estabelecido que Corot-9b é de fato um exoplaneta.

O satélite CoRoT é um projeto internacional que envolve pesquisadores da França, Áustria, Bélgica, Brasil, Alemanha e Espanha. O Observatório Europeu Austral tem a participação de 14 países: Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Holanda, Itália, Portugal, Reino Unido, República Checa, Suécia e Suíça. O anúncio da descoberta acaba de ser publicado na Revista Nature.

* Com informações da Agência USP e do Observatório Europeu do Hemisfério Sul (ESO)

quarta-feira, 17 de março de 2010

NEBULOSA NGC 7380




Imagem feita pela sonda Wise, da Nasa, mostra o aglomerado de estrelas NGC 7380, a cerca de 7.000 anos-luz da Terra.

AFP/Nasa

quarta-feira, 10 de março de 2010

COLISÕES GALÁCTICAS




Galáxias viveram período de colisões há 6 bilhões de anos

Assim como nossa Via Láctea, cerca de três quartos das galáxias são de forma espiral.

04 de fevereiro de 2010
Foto: Getty Images

As galáxias viveram um período de turbulência há seis bilhões de anos, com numerosas colisões dando nascimento a outras, de formas estranhas, segundo estudo publicado nesta quinta-feira.

Com dados do telescópio espacial Hubble, François Hammer (Observatório de Paris) e sua equipe compararam a forma de 116 galáxias de nosso universo próximo, com a de 148 outras mais afastadas, cuja luz leva bilhões de anos para chegar até nós.

Assim como nossa Via Láctea, cerca de três quartos das galáxias são de forma espiral, com outras ditas "elípticas" e apenas 10% possuem uma forma estranha.

Há bilhões de anos, mais da metade das galáxias possuíam uma forma estranha, escapando a classificações habituais, devido a colisões. "Hoje estamos num universo no qual os objetos estão em equilíbrio, a gravidade explica bem todos os movimentos, conseguimos descrevê-los bem", graças a uma classificação proposta em 1926 pelo astrônomo Edwin Hubble, explica François Hammer.

No passado, as galáxias "tinham formas absolutamente caóticas", anormais, porque "o que se via eram objetos em colisão", precisou. Após o violento encontro entre estes gigantes do cosmo, foram necessários "dois a três bilhões de anos" para que a nova galáxia resultante de sua fusão encontrasse uma forma de equilíbrio.

"Anteriormente, acreditava-se que esta época de fortes colisões entre galáxias havia acontecido bem antes", isto é, há mais de 8 bilhões de anos, sublinha o astrônomo.

Os resultados publicados por sua equipe na revista científica Astronomy and Astrophysics estão, diz ele, em concordância com um cenário "hierárquico" da formação do universo.

Segundo este cenário, "começa-se por objetos menores, talvez até de galáxias e, na medida em que se reencontram, formam as maiores", resume Hammer. Às galáxias caóticas do passado sucedem-se as grandes galáxias espirais, como a Via Láctea.

Nossa galáxia é um "caso muito particular", precisa ele, porque a última colisão que diz respeito a ela remontaria a dez ou onze bilhões de anos, enquanto que nossa vizinha Andrômeda guarda traços de numerosas colisões num passado mais recente. Andrômeda, que se aproxima da Via Láctea a uma velocidade de 120 km/s, deverá entrar em rota de colisão em cerca de 4 bilhões de anos.

GALÁXIA DE CHANDRA




Nasa divulga imagem de galáxia brilhante com buraco negro


Dados captados pelos raios-X do Chandra aparecem em vermelho na imagem, dados recolhidos pelo Telescópio Hubble aparecem em verde e dados de ondas de rádio do Very Large Array, em azul

05 de março de 2010
Foto: Nasa/Divulgação

A Agência Espacial Americana (Nasa) divulgou nesta sexta-feira a imagem da galáxia NGC 1068, uma das galáxias mais próximas e brilhantes que contêm um buraco negro supermassivo de crescimento rápido. Segundo a Nasa, a NGC 1068 está localizada cerca de 50 milhões de anos-luz da Terra e seu buraco negro tem cerca de duas vezes a massa do buraco negro presente no meio da Via Láctea.

A imagem é uma sobreposição de fotos obtidas pelo observatório de raios-X Chandra, pelo Telescópio Espacial Hubble e pelo Very Large Array. A composição mostra um forte vento está sendo lançado para a periferia da NGC 1068 a uma taxa de cerca de um milhão de milhas por hora. Esse vento é provavelmente gerado com um gás acelerado e aquecido que gira em direção ao buraco negro.

Uma parte do gás é puxado para dentro do buraco negro e a outra parte dele é levada pelo vento. Raios-X de alta energia produzida pelo gás perto do buraco negro aquecem o gás que está sendo dispersado pelo vento fazendo-o brilhar.

Dados captados pelos raios-X do Chandra aparecem em vermelho na imagem, dados recolhidos pelo Telescópio Hubble aparecem em verde e dados de ondas de rádio do Very Large Array, em azul. A estrutura de espiral NGC 1068 está demonstrada tanto pelos raios-X quanto por dados ópticos, e um jato alimentado pelo buraco negro central é mostrado pelos dados de rádio.

MAGNETAR



Espanha: telescópio capta rara imagem de estrela de nêutrons
Na imagem, uma representação artística de um magnetar, que depois da quebra da superfície, libera energia armazenada em seu campo magnético.

01 de março de 2010
Foto: EFE

O grande Telescópio Canárias (GTC), instalado no Observatório Del Roque de los Muchachos, localizado na Ilha de La Palma, na Espanha, registrou imagens com profundidade sem precedentes de uma estrela de nêutrons, do tipo magnetar. O episódio foi informado pelo Instituto de Astrofísica de Canarias (IAC), nesta segunda-feira, dia 1.

O GTC, o maior e com tecnologia mais avançada do mundo, foi lançado no dia 24 de julho de 2009, e permitirá aos pesquisadores conhecerem os mistérios da formação do universo através de seu espelho.

A Universidade Autônoma do México, o Instituto Nacional de Astrofísica, Óptica e Eletrônica do país, além da Universidade da Flórida e a União Europeia, através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (Feder) participaram da construção da grande estrutura.

O telescópio é uma ferramenta refletora, com um espelho primário de 10,4 metros de diâmetro, o maior do mundo. Trata-se de um projeto avaliado em 104 milhões de euros, financiado em 90% pela Espanha e 10% com o apoio do México e dos Estados Unidos.

O GTC permitirá revelar segredos ocultos do universo, por captar a luz formando imagens diretas (detectadas pelo olho humano) e imagens espectroscópicas (através de espectrógrafos, que selecionam uma parte da imagem, separando-a nas diferentes longitudes de uma onda).

COROA SOLAR




Cientistas captam rara imagem de coroa solar
10 de março de 2010

Na imagem, a radiação da superfície solar aparece como uma densa fumaça formando uma coroa em volta da sombra da Lua, no momento em que esta encobre completamente o Sol

Foto: Universidade de Tecnologia de Brno

Cientistas divulgaram nesta quarta-feira uma rara imagem capturada durante um eclipse total do Sol ocorrido em julho de 2009 nas Ilhas Marshall, na Micronésia, no Oceano Pacífico. Na imagem, a radiação da superfície solar aparece como uma densa fumaça formando uma coroa em volta da sombra da Lua, no momento em que esta encobre completamente o Sol. As informações são do Telegraph.

A imagem é resultado de um estudo organizado pela Universidade de Tecnologia de Brno, na República Checa, que monitorou a sombra em volta da Lua para observar as mudanças ocorridas no plasma formado pela radiação. Dez vezes mais denso que o centro do Sol, o material que forma a coroa só produz cerca de um milionésimo da Luz do astro rei, o que significa que só pode ser visto quando é "iluminado" durante um eclipse.

A coroa misteriosa, que tem intrigado os cientistas há anos, se estende por mais de um milhão de quilômetros do Sol e é 200 vezes mais quente que a superfície visível da estrela. A fonte de calor da coroa ainda é objeto de debates, mas é provável que seja derivada do campo magnético e de ondas de pressão sonora abaixo do Sol.

Em entrevista concedida ao Telegraph, o professor Miloslav Druckmuller, autor das fotos, afirma que ficou encantado com os resultados. "Mesmo que o motivo para tirar as fotografias tenha sido a ciência, o resultado mostra a enorme beleza da natureza", disse.

No próximo eclipse solar, em julho, a equipe focará novamente as suas lentes e olhos para a coroa.

terça-feira, 9 de março de 2010

O MORCEGO DE ORION




O brilho das estrelas jovens da NGC 1788 parece um morcego de asas abertas


Os observadores assíduos do céu estão familiarizados com a forma característica da constelação do Orion, o caçador. Mas pouco conheciam sobre a nebulosa NGC 1788, um tesouro escondido apenas a alguns graus de distância das estrelas brilhantes da cintura de Orion. Uma imagem mais detalhada dela acaba de ser divulgada pelo Observatório Europeu do Sul, no Chile.

NGC 1788 é uma nebulosa de reflexão, na qual o gás e poeira dispersam a radiação que vem de um pequeno enxame de estrelas jovens. O brilho toma a forma de um gigantesco morcego de asas abertas.

Nesta imagem são visíveis poucas estrelas pertencentes à nebulosa, uma vez que a maior parte delas se encontra obscurecida por casulos de poeira. A mais proeminente, chamada HD 293815, é visível como a estrela brilhante na parte superior da nuvem, logo acima do centro da imagem e da zona de poeira bastante escura que atravessa toda a nebulosa.

Embora à primeira vista NGC 1788 pareça uma nuvem isolada, observações revelaram que as estrelas brilhantes de grande massa, pertencentes ao vasto conjunto de grupos estelares de Orion, foram decisivas para modelar a nebulosa e estimular a formação de suas estrelas.

Essas estrelas de grande massa são também responsáveis pela ignição do hidrogênio gasoso nas partes da nebulosa que se encontram de frente para Orion, originando a borda vermelha quase vertical que se pode observar na metade esquerda da imagem.

Todas as estrelas desta região são extremamente jovens, com idades médias de apenas um milhão de anos, um mero piscar de olhos quando comparados com os 4.5 mil milhões de anos nosso Sol.

Analisando-as em detalhe, os astrônomos descobriram que estas estrelas “da pré-escola” se separam naturalmente em três classes diferentes: as ligeiramente mais velhas, situadas do lado esquerdo da borda vermelha, as relativamente jovens, à sua direita, e eventualmente as muito jovens, ainda bastante obscurecidas pelos casulos de poeira.

sexta-feira, 5 de março de 2010

JOHANNES KEPLER






















"Não perguntamos porque os pássaros cantam. Eles foram feitos para cantar.Assim, não devemos peguntar porque as mentes dos homens procuram saber sobre os mistérios do céu.Os mistérios são tantos e os tesouros do céu são tão ricos precisamente para a mente dos homens nunca se esgotar de alimento. "

JOHANNES KEPLER

A Vida de Kepler

Johannes Kepler, filho de Henrich Kepler e Katharina Guldenmann, nasceu a 27 de Dezembro de 1571, na pequena cidade católica de Weil der Stadt, no sul da Alemanha. O seu pai, militar, partiu para os Países Baixos em 1574 e a sua mãe seguiu-o um ano depois. Kepler ficou com seus avós, em Weil, até ao regresso dos seus pais, em 1576.
Max Caspar1 refere dois acontecimentos da infância de Kepler que o terão marcado profundamente: em 1577, a mãe deu-lhe a ver um cometa no céu e, em 1580, o pai levou-o a ver um eclipse lunar.
Dada a sua fraca estatura física, por orientação dos professores e por desejo próprio, Kepler foi para o seminário "Stift". A sua aplicação e bom desempenho no exame de admissão valeram-lhe a entrada na Universidade de Tübingen, em Setembro de 1588. No entanto, teve de regressar a Maulbronn iniciando o seu percurso universitário apenas a 17 de Setembro de 1589.
No início, queria ser ministro luterano. Mas o interesse pela astronomia fê-lo mudar de rumo. Estudou filosofia, matemática e astronomia. A 10 de Agosto de 1591 foi aprovado como mestre de Artes.

Influenciado pelo professor de matemática e astronomia Michael Maestlin, tornou-se partidário da teoria heliocêntrica do movimento planetário desenvolvido por Copérnico. Ainda enquanto estudante, Kepler escreveu:

"À parte do facto de se achar no centro do Universo, o Sol é o espírito que o anima. Proponho-me a demosntrar que a máquina celeste se assemelha a um mecanismo de relojoaria no qual uma só peça se move todas as engrenagens e que a totalidade de complexo movimento celeste obedece a uma só força magnética".

Kepler revelou então uma extraordinária habilidade matemática. A sua fama foi tal que foi convidado a ensinar a matemática no seminário protestante da universidade de Graz, na Áustria, onde chegou a 11 de Abril de 1594.
Aí cortejou a viúva Barbara Müller, com quem casou a 27 de Abril de 1597.

Kepler não foi feliz. Enfrentou grandes dificuldades finaceiras que procurou ultrapassar recorrendo frequentemente à astrologia, lendo sinas e horóscopos. Era o calendarista da cidade Graz: previa o clima, informava a população sobre qual a melhor época de plantar e colher, previa guerras, epidemias e eventos políticos. Os seus calendários proféticos tornaram a sua reputação quase lendária. Como astrólogo, Kepler creditava na harmonia do universo e na existência de uma relação entre os cosmos e o indivíduo.
A 2 de Fevereiro de 1598 nasce o seu primeiro filho que acaba por morrer seis dias após o seu nascimento, vítima de meningite. Em Junho do ano seguinte, nasce uma menina que morre, também vítima de meningite, ao fim de trinta e cinco dias.

As dificuldades de Kepler estavam também relacionadas com a sua escolha religiosa. Durante o período de 1590 até ao final da Guerra dos Trinta Anos foram inúmeras as perseguições por toda a Alemanha. A posição de Kepler era cada vez mais insegura, uma vez que a Contra-Reforma aumentava a pressão sobre os protestantes.
Em Setembro de 1598, Fernando II de Hasbsburgo, líder da Contra-Reforma Católica, fecha o colégio e a igreja protestante de Graz e ordena que todos os padres e professores deixem a cidade. Kepler e a sua família são convidados a sair da cidade o que acontece a 27 de Julho de 1600.
No ano anterior, Kepler havia conhecido o matemático da corte do Rei Rudolph II da Boémia, em Praga, Tycho Brahe, que se notabilizara pelas suas observações astronómicas. Durante vários anos, utilizando apenas um enorme quadrante, Tycho realizou milhares de "medições" relativas à mudança de posição dos planetas em relação às estrelas. Quando Kepler foi expulso de Gratz, Tycho convidou-o a ir para Praga e conseguiu obter uma autorização do imperador para que Kepler passasse a trabalhar como seu assistente. Kepler e a sua família chegam a Praga a 19 de Outubro de 1600. Em 1601 Tycho Braye morre, deixando a Kepler o maior arquivo de observações da história da ciência e a missão de prosseguir o seu trabalho. Assim, a 24 de Outubro desse mesmo ano, Kepler sucede ao seu mestre como astrónomo e matemático ao serviço do imperador Rudolph II. Trabalhando com base nas observações de Tycho (Tabelas Rodolfinas) dedica-se àquela que viria a ser a sua obra "Astronomia Nova".
Durante a estadia em Praga a família cresce: a 9 de Junho de 1602 nasce Susanna, a 3 de Dezembro de 1604 Frederick e a 21 de Dezembro nasce Ludwig. Mas o casamento não era feliz. Barbara adoeceu gravemente e não suportou a morte do filho Frederick, com 6 anos, acabando por falecer a 3 de Julho de 1611.

No ano seguinte, Kepler deixa Praga e parte para Linz. Aí, volta a casar com uma viúva: Susanna Reuttinger, a 30 de Outubro de 1613. De novo, este casamento não foi afortunado. Citando Haward Eves :

"o seu segundo casamento não foi mais feliz do que o primeiro, ainda que ele tenha analisado com precaução os méritos e deméritos de onze raparigas, antes de escolher a errada."

Desta mulher Kepler teve mais seis filhos, dos quais três morreram muito cedo.
Durante este período, a vida de Kepler foi igualmente infortunada: a sua mãe foi acusada de feitiçaria, presa numa povoação de Wurtemberg, torturada e condenada a morrer na fogueira, embora Kepler a tenha conseguido libertar em Outubro de 1621.
Enquanto lutava pela vida da mãe, Kepler conseguiu concluir a sua terceira grande obra: "Harmonices Mundi".
Em 1626, as autoridades eclesiásticas de Linz consideram-no suspeito de heresia, selam a sua biblioteca e Kepler vê-se obrigado a deixar Linz, partindo para Ulm, nas margens do Danúbio. Aí completou os cálculos relativos à posição das 777 estrelas observadas por Tycho Brahe, às quais acrescentou 228 observadas por si, terminando assim finalmente as Tabelas Rodolfinas.
Num inverno rigoroso, em viajem para Rogensberg, na esperança que pagassem o que lhe deviam pelos seus préstimos, Kepler adoece e acaba por morrer a 15 de Novembro de 1630, aos 61 anos de idade.

Antes da morte, aquele que havia encontrado a "verdadeira harmonia", escreve:

"Mensus eram coelos, nunc terror metior umbras
Mens coelestis erat, corporis umbra jacet"

"Eu medi os céus, agora medirei as sombras da Terra.
Embora a minha alma rume ao céu, a sombra do meu corpo permanece aqui."

Kepler formulou três leis que ficaram conhecidas como Leis de Kepler.


1ª Lei de Kepler - Lei das Órbitas





Os planetas descrevem órbitas elipticas em torno do Sol, que ocupa um dos focos da elipse.


2ª Lei de Kepler - Lei das Áreas





O segmento que une o sol a um planeta descreve áreas iguais em intervalos de tempo iguais.


3ª Lei de Kepler - Lei dos Períodos


O quociente dos quadrados dos períodos e o cubo de suas distâncias médias do sol é igual a uma constante k, igual a todos os planetas.


T² = K.a³

onde:

T, chamado de período, é o tempo que um planeta demora para completar uma volta ao redor do Sol;
a é o semieixo maior da órbita elíptica do planeta ao redor do Sol (que coincide com a distância média do planeta ao Sol);
K é uma constante que depende apenas da massa do corpo central da órbita (no caso do Sistema Solar, K depende apenas do Sol).


Sendo assim, para todos os corpos que orbitam o Sol, incluindo os oito planetas (e também Plutão, um planeta anão), podemos escrever o valor constante K = T²/a³:

Para a Terra consideramos T = 1 ano e a = 1 UA (1 unidade astronômica), lembrando que 1 UA = 1 distância média Sol-Terra = 149,6 milhões de quilômetros). Nestas unidades, K = 1²/1³ = 1 ano²/(UA)³. Desta forma podemos facilmente calcular quanto tempo (em anos) um planeta demora para completar uma volta ao redor do Sol.

A tabela abaixo apresenta as distâncias médias planeta-Sol (em UA) para o Sistema Solar.






Como exemplo de aplicação da Terceira Lei de Kepler, vamos calcular alguns valores de T.


Mercúrio (a = 0,387 UA)





Marte (a = 1,52 UA)





Plutão (a = 39,44 UA)





E assim por diante...


Com a Terceira Lei de Kepler e as distâncias médias planeta-Sol (tabela acima), você mesmo pode calcular os outros valores de T para os demais planetas do Sistema Solar. Experimente! Depois, pelo Google, você pode conferir as respostas!

Note que para Mercúrio e para Vênus, que possuem órbitas internas em relação à órbita da Terra, o tempo para dar uma volta no Sol é menor do que 1 ano. Para os planetas com órbitas externas, o tempo (ou período) T para dar uma volta no Sol vai crescendo. Para Plutão é de quase dois séculos e meio!

quarta-feira, 3 de março de 2010

A NAVE MÃE





Nasa divulga imagem mais detalhada da Terra
26/02/2010 Folha Online

A agência espacial norte-americana Nasa fez a imagem mais detalhada do planeta Terra, segundo informou nesta sexta-feira (26).

Denominada "Blue Marble" ("bola de gude azul", em tradução), a imagem tem até 21.600 pixels de largura, segundo a agência .

A imagem foi composta a partir de várias outras coletadas por satélites e telescópios, que foram "costuradas" a partir de meses de observações da superfície terrestre, oceanos, gelo e nuvens.

"[Ela é] fiel a cada quilômetro quadrado (0,386 milhas quadradas) do nosso planeta", diz a Nasa.

A imagem foi feita pelo Centro Espacial Goddard, braço da agência que faz observações e imagens sobre a Terra.