sexta-feira, 18 de setembro de 2009

NEMESIS







02 de junho de 2003

Em 1980, a revista Science publicou um artigo do prêmio Nobel Luis Alvarez, seu filho Walter Alvarez, Frank Asaro e Helen Michel, da universidade de Berkeley, que, sob o nome de Causa extraterrestre da extinção cretácio-terciario, expunha pela primeira vez a possibilidade de que corpos externos a nosso planeta foram os causadores das diversas extinções massivas da história da Terra. No caso particular dos dinossauros, se mencionava o choque com um meteorito como causa mais provável para sua extinção, a cerca de 65 milhões de anos.

A evidência que apoiava esta tese era a existência de irídio em uma fina camada de argila na fronteira que marca o período Cretácio e Terciário nos estratos geológicos. Como o irídio é raro em nosso planeta foi levantada a possibilidade de que tivesse origem extraterrestre.

Mas, a extinção destes répteis gigantes não foi a única que atingiu nosso planeta... e aí entra Nemesis, que surgiu como hipótese para explicar o mecanismo causador das extinções em massa na Terra. Conforme esta tese, a cada 25 ou 30 milhões de anos, nosso planeta se vê exposto a um aumento do número de cometas que cruzam sua órbita, aumentando assim a probabilidade de um choque contra a Terra.

Este fenômeno funcionaria como uma tempestade espacial que duraria de 100 mil a 2 milhões de anos. Estima-se que durante este período aconteceriam em média dez grandes impactos a intervalos de 50 mil anos. Estes choques poderiam desencadear uma série de processos ecológicos que teriam como conseqüência a destruição da maior parte da vida no planeta, fosse animal ou vegetal.

Nemesis, uma estrela girando em torno do Sol?
Nosso Sol é de certo modo uma estrela atípica por ser solitário, já que aproximadamente 50% das estrelas do Universo constituem sistemas duplos. Nemesis seria a hipotética companheira do Sol nesse hipotético sistema duplo de estrelas. Nemesis se moveria em uma órbita elíptica em torno do Sol com um período de cerca de 30 milhões de anos.

Este astro nunca foi visto. Assim, se existir deve ter uma luminosidade extremamente baixa, podendo se tratar de uma estrela anã marrom pré-seqüência principal (uma estrela cuja massa não alcança a massa mínima estelar para iniciar a queima de hidrogênio, fonte de luminosidade das estrelas). Mas "ver" um astro não é o único modo de provar que ele existe, efeitos gravitacionais também nos permitem inferir a existência de corpos espaciais, mas nem disto há evidências para comprovar esta teoria.

Supõe-se que a massa de Nemesis perturbaria gravitacionalmente nosso Sistema Solar: aproximadamente a cada 30 milhões de anos, a estrela atravessaria a Nuvem de Oort, uma zona situada nos confins de nosso sistema solar, de onde saem muitos dos cometas que nos visitam. Sua trilha afetaria as órbitas destes cometas, lançando muitos deles contra a Terra, produzindo assim esse aumento periódico de atividade cometária contra nosso planeta.

A primeira referência científica sobre Nemesis foi publicada na revista Nature em 1984, em um artigo o astrofísico Richard Muller, da universidade de Berkeley, que levantou grande polêmica. Atualmente, Muller junto com os físicos Carl Pennypacker, Frank Crawford e Roger Williams procuram evidências da existência desta estrela.

Por outro lado, é sabido na comunidade científica que as órbitas das estrelas dos sistemas binários se aproximam entre si com o passar dos anos. Eventualmente estes corpos se chocam devido à perda de energia e momento angular por radiação de ondas gravitatórias. Logo, se Nemesis existir realmente como companheira binária do Sol, deveríamos poder observar uma mudança significativa ao longo dos anos na órbita desta estrela, como podemos fazer no sistema binário PSR1913+16.

Até agora, não há evidências da existência de tal estrela e muitos fatos demonstram o contrário, como ocorre sempre em Ciência, na qual a evidência empírica é o único juiz. Até que tenhamos uma prova incontestável, Nemesis não passara de uma hipótese.


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